Portal do Governo Brasileiro
2012 - Livro Vermelho 2013

Geonoma gamiova Barb.Rodr. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 24-05-2012

Criterio:

Avaliador: Pablo Viany Prieto

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Geonoma gamiova apresenta distribuição ampla ao longo da costa Atlântica, é localmente abundante e está representada em diversas unidades de conservação (SNUC).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Geonoma gamiova Barb.Rodr.;

Família: Arecaceae

Sinônimos:

  • > Geonoma meridionalis ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

G. gamiova pode ser diferenciada pela morfologia de suas folhas, por seus ramos florais e fruto ovóides e pontudos (Henderson et al., 1997 apud Valente, 2009). A espécie é conhecida popularmente como "gamiova", "guaricanga-de-folha-larga", "palheira-de-folha-larga", "ouricana-de-folha-larga", "aricana-de-folha-larga" e "uricana-de-folha-larga" (Neves, 2009).

Potêncial valor econômico

O preço intermediário da venda das folhas (correspondente a 1000 folhas) é de R$20,00 a R$25,00 (Valente, 2009).

Dados populacionais

Siminski et al. (2004) encontraram 41 indivíduos da espécie em 600m² de área de mata secundária, no município de São Pedro de Alcântara, litoral de Santa Catarina. Bastos Neto e Fisch (2007) observaram maior concentração de indivíduos da espécie em mata natural na Serra do Mar. O estudo foi realizado em áreas que sofreram deslizamento um ano antes. As parcelas foram em cotas altitudinais e posicionadas em borda e interior de mata. A densidade encontrada por eles foi de 150ind/ha de plântula, 300ind/ha de jovens e 50ind/ha de adultos em mata secundária e 250ind/ha, 3050ind/ha de jovens e 1300ind/ha de adultos em mata natural. Cappelatti (2009) amostrou 139 plâtulas, 42 jovens e 21 indivíduos adultos da espécie em 2500m² de área de um fragmento localizado no município de Três Cachoeiras, no Rio Grande do Sul. Como a espécie também pode ser encontrada em touceiras, a autora amostrou também as rametas, que contabilizaram um total de 226. Valente (2009) estimou 6.578 touceiras da espécie por hectare na área da comunidade de Rasgadinho no município de Guaratuba, Paraná, sendo 27% jovens e 67% plântulas. Assim sendo, foram contabilizados, 49 adultos reprodutivos, 136 adultos não reprodutivos, 894 jovens e 2210 plântulas em 0,5ha de área.

Distribuição

A espécie é endêmica do Brasil, de ocorrência em Mata Atlântica, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Leitman, et al., 2012). De acordo com Valente (2009) a espécie ocorre a até 800 m, raramente a 1.300 m.

Ecologia

Espécie não pioneira, esciófila, perenifolia, de solos úmidos e férteis, com floração de abril a novembro e frutificação de janeiro a fevereiro (Silva; Perelló, 2010). Possui caule simples de até 4m de altura e 4cm de diâmetro, podendo ocorrer touceiras (Cappelatti, 2009). Palmeira de subosque, apresentando vasta e expressiva dispersão na Floresta Atlântica (Valente, 2009).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A área onde o estudo de Siminski et al. (2004), foi conduzido era característica de floresta ombrófila densa, tendo sofrido exploração mais intensiva na década de 50 e atualmente se encontra predominantemente num estádio avançado de regeneração.

8.2 Predator
Detalhes Galbiati, et al. (2009) realizara estudo do efeito da defaunação na predação de sementes de palmeiras na Mata Atlântica. Os resultados mostraram que as sementes da espécie foram as mais predadas entre todas outras, por serem de menor porte.

3.4.2 Sub-national/national trade
Detalhes De acordo com Valente (2009) as folhas da espécie são exploradas para a confecção de coroas fúnebres em floriculturas no sul e sudeste do Brasil, fato que contribui para a redução das populações naturais (Reitz, 1974 apud Valente, 2009). A autora ainda afirma que a demanda de mercado por este produto é alta, entretanto, não existe produção comercial e desta forma sua exploração tem sido exclusivamente dependente do extrativismo. A partir de entrevistas com os extratores, Valente (2009) constatou que há pelo menos 15 anos o extrativismo contínuo do recurso é praticado na comunidade, que se intensificou com a abertura da estrada que liga Rasgadinho ao centro urbano de Guaruva, Santa Catarina. A autora entrevistou 5 extratores que afirmam retirar em média 1220 folhas por dia. Valente (2009) continua afirmando que durante o período de estudo, foi observado um aumento na demanda pelo recurso. No primeiro ano eram cortadas 70 a 80 mil palhas por semana para cada intermediária. A partir do segundo ano da pesquisa, esse número aumentou para 20 mil folhas por dia, 100 mil folhas por semana e consequentemente 400 mil folhas por mês. Esse número é uma estimativa para 20 extratores, somente na comunidade de Rasgadinho. Segundo os extratores, as áreas pouco antropizadas de onde são retiradas as palhas levam cerca de 2 a 4 meses para se regenerarem e poderem sofrer outro corte.

3.3.2 Sub-national/national trade
Detalhes Valente (2009) afirma que G. gamiova está entre os cinco produtos florestais não-madeiráveis mais extraídos e comercializados na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, litoral do Paraná. Segundo Balzon (2006) a espécie é a segunda mais explorada pelas famílias extrativistas da APA. Segundo Valente (2009), até 2002, a palha era utilizada principalmente na cobertura de casas. Atualmente, o extrativismo de palha gera um aporte significativo de renda para as famílias de extratores na comunidade de Rasgadinho na região rural do município de Guaratuba.

3.5.2 Sub-national/national trade
Detalhes De acordo com Valente (2009), quando havia a dependência da comunidade deste recurso para sua subsistência, certamente havia uma outra relação de importância com a escassez do mesmo. Já com a mudança de paradigma que tornou a palha não mais um recurso de uso doméstico, mas agora uma matéria prima vendável e de alto valor para o nível socioeconômico da comunidade, ao invés de esta preocupação aumentar e a comunidade passar a valorizar mais ainda este produto, a não regulamentação da atividade faz com que a comunidade não se identifique como uma sociedade extrativista.

Ações de conservação

5.3 Sustainable use
Observações: Valente (2009) propõem o uso sustentável da espécie e através de seu trabalho a autora disponibiliza subsídios para que essa prática seja implementada.

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: O Parque Estadual Carlos Botelho, área de estudo de Neves (2009), possui uma área de 37.794 ha que, em sua maioria, está representada por florestas não perturbadas ou com perturbações pouco significativas.

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Criticamente em perigo" (CR) ameaçada na Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: Silva; Parelló (2010) compilaram informações sobre 15 espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul, com o intuito de iniciar atividades de conservação ex situ através do cultivo em áreas públicas e privadas.

5.4 Recovery management
Situação: on going
Observações: De acordo com Cappelatti (2009), a espécie aparenta estar em processo de crescimento populacional na área em fragmento de floresta ombrófila densa do município de Três Cachoeiras. Por esta razão é importante a preservação deste fragmento.

Usos

Referências

- DALVO RAMIRES BALZON. Avaliação Econômica dos Produtos Florestais não Madeiráveis na Área de Proteção Ambiental ? Apa de Guaratuba ? Paraná. Tese de Doutorado. Curitiba, PR: Universidade Federal do Paraná, 2006.

- LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L. ET AL. Arecaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/>. Acesso em: 13 março 2012.

- MARÍLIA DE FÁTIMA CECCON VALENTE. Subsídios Ecológicos ao Uso Sustentável da Palha - Geonoma gamiova Barb. Rodr. (Arecaceae). Dissertação de Mestrado. Curitiba, PR: Universidade Federal do Paraná, 2009.

- LUCIANA SATIKO ARASATO. Contribuição da Modelagem Espacial para o Estudo de Palmeiras: A Euterpe edulis mart. na Mata Atlântica e a Famíilia Arecaceae no Brasil. Dissertação de Mestrado. São José dos Campos, SP: Instituto Nacional de Pesquisas Espacias, INPE, 2011.

- TATIANA DE SOUZA NEVES. Auto-Ecologia de Geonoma gamiova Barb. Rodr. (Arecaceae) em Mata Ombrófila Densa Montana (Parque Estadual Carlos Botelho,SP). Trabalho de Conclusão de Curso. Rio Claro, SP: Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", 2009.

- GALBIATI, L. A.; GALETTI, M. NEVES, C. L. ET AL. Efeito da Defaunação na Predação de Sementes de Palmeiras na Mata Atlântica. , 2009.

- BASTOS NETO, A. T.; FISCH, S. T. V. Comunidade de Palmeiras no Entorno de Escorregamentos no Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Santa Virgínia, SP. Ambiente e Água, v. 2, n. 2, p. 21-32, 2007.

- LAURA CAPPELATTI. Distribuição Espacial e Estrutura Populacional de Palmeiras (Arecaceae) em Fragmento de Floresta Ombrófila Densa, RS, Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso. Novo Hamburgo, RS: Centro Universitário Feevale, 2009.

- SILVA, J. G.; PERELLÓ, L. F. C. Conservação de Espécies Ameaçadas do Rio Grande do Sul Através de Seu Uso no Paisagismo. Revsbau, v. 5, n. 4, p. 01-21, 2010.

- SCHORN, L. A.; GALVÃO, F. Dinâmica da Regeneração Natural em Três Estágios Sucessionais de uma Floresta Ombrófila Densa em Blumenau, SC. Floresta, v. 36, n. 1, p. 59-74, 2006.

- SIMINSKI, A.; MANTOVANI, M.; REIS, M. S. DOS; ET AL. Sucessão Florestal Secundária no Município de São Pedro de Alcântara, Litoral de Santa Catarina: Estrutura e Diversidade. Ciência Florestal, v. 14, n. 1, p. 21-33, 2004.

- ALEXANDRE RÜCKER. Clareiras Formadas pelo Furacão Catarina e a sua Importância na Manutenção da Diversidade em Floresta Ombrófila Densa no Sul do Brasil. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

- REITZ, R. P. Flora ilustrada catarinense ? Palmeiras. 1974. 189 p.

- HENDERSON, A.; GALEANO, G.; BERNAL, R. Field Guide to the Palms of the Americas. Princeton University Press, 1997. 363 p.

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

Como citar

CNCFlora. Geonoma gamiova in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Geonoma gamiova>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 24/05/2012 - 21:10:37